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Mostrando postagens de 2014

O Rei

Ali, parado olhando além do horizonte ele é o rei. Com sua pele curtida pelo forte sol, vestindo simples trapos, o rei esfarrapado. Um sorriso desdentado ilumina sua face. Os pés descalços na quente areia. A humildade presente em seus gestos e a majestade se escondendo nas rugas da face. Ele é o rei, o rei do lugar. A maré vai subindo e o sol se pondo, as pessoas pouco a pouco se retiram, mas ali ele permanece soberano Ele é o rei, o rei do milho, é o que diz sua camiseta puída.  (Luíza Gallagher)

Corre Pequeno

Corre pequeno, corre ligeiro. Com seus pezinhos, rápido vai indo. Passos incertos infantis, equilíbrio vacilante. Mesmo sem saber para onde, ele vai. Corre pequeno. Corre para que a maldade do mundo nunca te alcance! (Luíza Gallagher)

Anny e Elliot

Ao ver o vídeo Anny chorou, chorou até o fim de suas forças. Não podia ser verdade, não, ele não faria isso, ela sabia que não. Ela se culpava, por quê era sempre tão quieta e tímida? Talvez se ela tivesse tido coragem, talvez se ela falasse com ele... Anny amava Elliot. (Luíza Gallagher) *A história acima apesar de ter base em um fato real possui elementos literários criados por mim, portanto fictícios. 

Fita Amarela e Gravata Vermelha

Ei, a gente precisa conversar. Venha, sente aqui. Quer beber alguma coisa? Um café? Um suco? Tá, uma água. Perai, vou buscar. Calma, já volto. É rápido, fica. Toma, sua água. É que eu estive pensando... Sabe, essa coisa no peito, isso dói. Não, não é assim, Não me interrompe, deixa eu falar. Às vezes o coração fica apertado e tudo que está lá dentro preso vai sendo jogado para fora e se eu não deixar essas coisas saírem aqui, agora, vou acabar sufocando e você sabe como é. Não sei mais o que fazer. Você me confunde. Não, não é sobre você, ok? É sobre mim. O problema é que há muito de você em mim. Não sei mais o que fazer. Acordo assustada, vez em quando nem durmo. Insônia? Não, não quero um remédio pra insônia, para, é sério. Esse seu ir e vir me enlouquece. Esse querer e não querer. Não sei o que pensar. Nunca sei se devo deixar a porta aberta pra caso cê resolva vir, ou se fecho porque você não vem. Sei se dá jeito disso funcionar não. Mas é complicado gostar d

Rápido Demais

Ayrton Senna Ontem completou 20 anos sem Ayrton Senna, uma tempestade de homenagens e declarações saudosistas lotaram o Brasil. Eu, sempre tão clichê, não poderia ficar de fora. Aqui, humildemente, seguem alguns rabiscos sobre Senna, um piloto que fez o Brasil vibrar. Senna era rápido, muito rápido. Pilotava como ninguém, acelerava, dava voltas e voltas no autódromo, fazia o público ir a loucura. Em casa, famílias se reuniam, amigos se juntavam em torno da TV que mostraria mais uma corrida. Entre risos, pipoca e aplausos seguia a torcida, oras... Senna nasceu para ser campeão. Sem dúvidas o maior atleta do Brasil, nossa, como era veloz! A câmera tentava seguir seus movimentos, o público via apenas um borrão ao vivo e aquele ronco do motor. Lá ia Senna. Fim de corrida, a bandeira quadriculada tremulava para ele, todos gritavam e pulavam. Lá ia Ayrton Senna para o pódio receber sua taça, ali do lugar mais alto, ele olhava a bandeira brasileira ser erguida ao som do hino naci

Sophie VII

Querido Adam, volte! Com amor, Sophie.

Sophie VI

Querido Adam, O frio da sua ausência dilacera minha alma. Não como e nem durmo mais. Vejo você em todo lugar, será alucinação? No vazio do meu quarto seu riso ecoa pelas paredes. Escrever é o que me impede de enlouquecer. A dor corrói minha mente, não quero mais viver. Sua Sophie (Luíza Gallagher)

Tristeza

Parece cocaína, mas é só tristeza ♪ O que é tristeza? O que é dor? O que é sentir? Hoje o sol está pálido, as flores jazem murchas pelo jardim abandonado, uma lágrima pende dos olhos de uma criança. Isso é tristeza? No cemitério um homem se despede de sua esposa, nunca mais sentirá seus lábios. No centro da cidade um menino perde seu boneco favorito, presente de um pai ausente. Uma mulher dá entrada no hospital, acaba de perder o filho de seu ventre. Tristeza? Um vento frio sopra na alma, o coração apertado palpita no ritmo daquela velha canção a tanto esquecida. Os olhos enegrecidos de dor são o retrato da tristeza. As mãos trêmulas e gélidas, o sorriso forçado, o cabelo despenteado ao vento... Cada imagem revela uma dor diferente. Uma tristeza? A despedida, a briga, a saudade, a melancolia, o sol de meio dia que não sessa o frio. Isso é tristeza. O cotidiano, o banal, a vida que segue enquanto a dor permanece no peito.  Triste saber que o mundo não para por causa d

Silencioso Desespero

Ar quente e escaço entra por suas narinas. Sua respiração fica cada vez mais espaçada. Dos olhos uma lágrima escorre, mas ninguém vê. Suas mãos estão presas, não há meio de calar o pranto que lhe aflige. Sua boca não emite sons. Algo o cala? Seriam feridas expostas de uma alma condenada? Ou será apenas o medo que o silencia? Numa fração de segundos nossos olhos se cruzam através das lentes negras postas em ti. Meu sangue gelou. Senti seu medo. Uma súplica silenciosa me lançou em um relance. Seu silêncio foi como um grito abafado num fim de tarde de verão.  Ali está você entre eles, grandes carrancas ameaçadoras no carro negro. E você, como um frágil pedaço de plástico suplicante. Uma sacola ao vento durante um tornado. Um rápido vislumbre e o assombro. Pobre sacola solitária a me encarar.  O carro preto desaparece ao virar uma esquina e apenas o seu grito silencioso por ajuda fica para trás.   (Luíza Gallagher)