Não passava de um casebre próximo a uma
estrada movimentada, sem muitos cômodos e desprovido da beleza convencional das
grandes construções. Feito de madeira e sem muitos retoques, porém com afeto e
esperança foi construído. Lá vivia um feliz casal com seus filhos, a
simplicidade e a imagem bucólica do lugar atraiam o olhar de quem passava. Um
belo dia um candidato a político que seguia por ali, acabou por finalmente
olhar por àquela família e disse se apiedar, uma bela casa ele ofereceu, com
varanda e até um belo jardim. Mas o homem de aparência simplória que vivia no
casebre, com um gentil sorriso agradeceu, mas recusou. “Olha aqui dotô, trabalho pra dá comida prus meus fio e esse casebre nada é pro sinhô, mas foi aqui que me criei, aqui
que meu pai me ensinô as dores e as
glórias dessa vida, aqui quero ensinar o mesmo prus meus fio, agradeço
sua oferta, mas carece não, não perderei minha dignidade e liberdade por uma
casa grande onde mal verei as criança,
aqui, juntinho nesse pequeno espaço a gente é unido, ouço cada riso e cada
lágrima deles e a noite é só abrir os óio
que os vejo sonhando com um futuro bão,
se eu aceitá a sua proposta, matarei
as esperanças de um dia o mundo melhorá,
comprá voto não é o que chamo de mostrá preocupação com as pessoa dotô. Agora vai-se embora que as criança tão chegando, hoje vamos passear
e até mesmo pescá ali
no córrego, não quero que elas aprendam que na política vale prometer uma
vida boa que no fundo não passa de uma forma pra desgraçá tudo. Não tenho formação, nem estudo nenhum, mas prus meus fio dou o melhor que posso e se a educação não for boa da escola,
pelo menos honra e dignidade eles terão aprendido de mim.” O candidato então
seguiu viagem pensando naquela gente, se isso lhe serviu de lição é difícil
dizer, mas naquele ano após vencer a eleição nas palavras do pobre senhor ele
pensou.
(Luíza Gallagher)
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