Ao olhar o espelho Alice viu
não quem ela era
mas quem poderia ser.
Os olhos castanhos
estavam mais claros
com um brilho dourado
uma doçura cor de mel
Uma moça bonita
determinada
com olhos inteligentes
e sorriso gentil
a encarava
Havia mais,
mais do que a típica malícia
ou as incertezas que a cercavam
Havia uma luz
Aquela era quem ela deveria ser?
Será mesmo que algum dia
poderia ser aquele reflexo?
Tão parecidas e tão estranhas
Talvez, se lá atrás
tivesse feito escolhas melhores,
seguido por caminhos diferentes,
evitado alguns becos ou esquinas,
talvez hoje ela seria o reflexo do outro lado.
Por ser espelho,
tudo é contrário
então, aquela era seu oposto.
Quem poderia ter sido
Quem nunca seria
A outra só existe ali do outro lado,
no mundo invertido
em uma vida que Alice nunca teria
nem saberia como poderia ser
Fechou os olhos,
lavou o rosto
água fria
ao reabrir
seu outro eu a encarava
com um sorriso
ela se despediu
Se todos os caminhos
a levaram até ali
se todas as escolhas,
até as ruins,
a levaram a ser quem é
então no fim, talvez
ela seria grata aos seus erros
A dor e a beleza
de ser exatamente quem, é
apesar de tudo,
exatamente por tudo.
(Luíza Gallagher)
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