Ei, a gente precisa conversar.
Venha, sente aqui. Quer beber
alguma coisa? Um café? Um suco? Tá, uma água. Perai, vou buscar. Calma, já
volto. É rápido, fica.
Toma, sua água. É que eu estive
pensando... Sabe, essa coisa no peito, isso dói.
Não, não é assim, Não me
interrompe, deixa eu falar.
Às vezes o coração fica apertado e
tudo que está lá dentro preso vai sendo jogado para fora e se eu não deixar essas
coisas saírem aqui, agora, vou acabar sufocando e você sabe como é.
Não sei mais o que fazer. Você me confunde.
Não, não é sobre você, ok? É sobre mim. O problema é que há muito de você em
mim.
Não sei mais o que fazer. Acordo
assustada, vez em quando nem durmo. Insônia? Não, não quero um remédio pra
insônia, para, é sério.
Esse seu ir e vir me enlouquece.
Esse querer e não querer. Não sei o que pensar. Nunca sei se devo deixar a
porta aberta pra caso cê resolva vir, ou se fecho porque você não vem.
Sei se dá jeito disso funcionar
não. Mas é complicado gostar de você. Não ri, é sério!
Eu sou simples, daquelas de pé
descalço no chão e fita amarela no cabelo. Mas você... é daqueles que corre pro
mar quando quer, que bota sapato chique e some pelo mundo. Que tem gravata vermelha
pendurada na porta do armário. Você é do tipo que está pronto pra ir embora a
qualquer segundo. E eu?
Você me leva? Verdade?
Mas eu sou bicho do mato, não
tenho a fineza das moças de onde você vem. O que faria alguém como eu junto com
alguém como você?
Amor? Mas minha fita amarela com
sua gravata vermelha... daria um bom casal?
Nós? Tem certeza?
Claro que te amo. Só tenho medo de
você partir.
Leva eu? Leva pra vida toda? Promete?
Então ta então. Te amo, viu?
Hoje vou fechar a porta, bem
fechadinha. Hoje eu vou com você. Pra sempre.
(Luíza Gallagher)
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