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Últimos Flashes de Ahmed Samir Assem

Acordou com o toque distante do despertador, sentou-se na cama esfregando os olhos e afastando a preguiça matinal. Foi para o banheiro e viu sua imagem turva no espelho, cara de sono ainda. Um banho rápido e um café da manhã. pegou a câmera e seguiu para mais um dia de trabalho. Seu nome? Ahmed Samir Assem, fotógrafo. Chegou na redação do jornal, recebeu a missão de cobrir o confronto do país. Lá se foi o egípcio munido da sua câmera pra mais um trabalho rotineiro.
Gritos, protesto, tiros. Ahmed registrou tudo que seus flashes foram capazes de captar. De repente um atirador no alto de um prédio começa a mirar nas pessoas, o fotógrafo filma cada movimento do atirador. Ao fundo gritos dos atingidos, no chão, sangue derramado das vítimas. O atirador se vira, como se pousasse para a câmera, Ahmed tem um rápido flash mental de tudo o que passou nesses 26 anos de vida, o atirador o mira, o fotógrafo pensa: "Será que chegou a minha vez?", o gatilho é puxado, a imagem da câmera desfoca e Ahmed tomba no chão sem vida. Agora, os olhos sem vida de Ahmed refletem a mesma imagem turva que o espelho lhe mostrava mais cedo.
Antes do início daquela manhã um homem dormia tranquilamente e sonhava com flores, um lugar calmo, pessoas queridas, risadas infantis, brincadeiras de roda. Um homem acordou com o toque do despertador mal sabendo que era o soar de uma bomba relógio. Seu tempo estava sendo contado, aquelas eram suas últimas horas.



(Luíza Gallagher)

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