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“Nós Vamos Invadir Sua Praia” – A Invasão Musical na Região dos Lagos


  A Região dos Lagos é conhecida por suas belezas naturais, lindas praias que atraem turistas dos mais diversos lugares. O que muitos não imaginam é que além do magnífico cenário há toda uma trilha sonora por trás desse lugar. É grande o número de bandas independentes locais, com os mais diversos ritmos e influências, atraindo públicos variados. Apesar da quantidade e qualidade dessas bandas, Fi, baterista da banda Rose Red reclama: “Eventos não são muitos, mas nosso público é grande e sentimos muita falta de shows. Incentivo não tem nenhum para as bandas da região. Apoio zero. O que nos mantêm mesmo são os fãs maravilhosos e sempre presentes”.

  O público, por sinal é apontado como o grande aliado dessas bandas. Além da participação em eventos auxiliam também na divulgação. Leandro França, locutor da Onda Nervosa, um programa de rock da Rádio Ondas ressalta tal ajuda: “O público de rock é fantástico. Com a Onda Nervosa a quatro anos do ar, tenho orgulho demais de ver essa tribo interagindo, pedindo músicas e me apresentando bandas desconhecidas, até então. São muitos roqueiros, mas poucos assumem essa identidade. Há diversos problemas no cenário independente, como a falta de produtores musicais que encarem a coisa de uma forma mais profissional, além de empresários que invistam. Mas o que vale é que muita gente gosta de rock, debatem sobre shows, indicam canções e buscam notícias - o que é ainda mais interessante”.

  Sobre as oportunidades musicais, o rock ainda vem sofrendo um pouco de preconceito, de acordo com Leandro França. Ele afirma que para a MPB as chances são maiores, pois o público a recebe de melhor maneira do que o rock. Se por culpa ou não desse preconceito, uma coisa é certa, deveria haver maiores incentivos, maior abertura e mais eventos com bandas locais, essa é a opinião tanto de bandas como de fãs da região. “A única coisa que queremos são eventos destinados para o rock. O cenário underground aqui está ruim, pois não nos dão brecha. É muito complicado se fazer um show aqui, ninguém apoia. Cabo Frio é uma cidade muito bem localizada e gente de outras cidades têm fácil acesso. Os eventos que rolam são sempre em outras cidades, e temos que nos deslocar daqui e passar por "pequenos perrengues", tudo em nome do rock.” Diz a baterista da Rose Red.

  Zito Cavalcante, guitarrista da banda Indic Blue que está na estrada a cerca de 3 anos, endossa: “Aqui na região quem faz a cena são as bandas. Há pouco incentivo e a internet é a fonte que muito nos tem ajudado, através dela fazemos contato e divulgamos nossa agenda. Agora, aos poucos, produtores interessados numa cena independente, e alternativa, estão aparecendo e procurando o que nós fazemos”. Um desses novos produtores citados é Mateus Pagalidis, de 22 anos, que tem um projeto envolvendo música experimental a cerca de 3 anos que resultou em mais de 50 shows já. Mateus defende as acusações de falta de oportunidade na região e rebate: “Realmente falta espaço, mas esse espaço tem que ser conquistado por pessoas que corram atrás e não pessoas que ficam dentro de casa reclamando. O problema é que muita gente pega a guitarra e acha que virou uma banda porque conseguiu fazer um cover de Legião Urbana. Eu tenho trabalhado para tentar trazer aos shows músicos que eu acredito no trabalho, pessoas com música original, própria e tentar mostrar às pessoas daqui que sim existe todo um mundo musical alem do já conhecido”.

  Sobre organizar shows, Mateus diz que começou a se envolver nesses projetos por conta de amigos: “Eu comecei porque minha mãe tinha um bar e uns amigos estavam começando uma banda, surgiu aí a ideia de fazermos o primeiro show. Organizamos tudo aqui em casa, deu cerca de 50 pessoas. A banda era instrumental e foi o primeiro show instrumental alternativo aqui da cidade”. Seu último projeto, a Temporada Musical de Cabo Frio, teve como objetivo reunir durante todo o mês passado bandas independentes todas às sextas feiras no Corredor Cultural. “A temporada musical foi um lance que a prefeitura fez pra poder dar uma ajuda a esses shows mais alternativos que eu tenho feito aqui, tanto me dar uma força quanto dar uma força as bandas locais. Sou muito grato ao secretário de cultura José Correa e ao Lucas Muller, que está produzindo o festival comigo, por tornar este projeto possível”. Ele ainda ressalta que com a ajuda da internet, essas divulgações ficaram mais fáceis e deu ao público maior acesso sobre músicos bons locais.

  A internet por sinal também ajuda bastante no contato da banda Rose Red com os fãs: “Acessamos o Facebook diariamente, sempre mostrando coisas novas e também para tentar ficar um pouco mais próximo deles”.

  A Região dos Lagos além da bela paisagem tem pessoas de atitude que sabem fazer música de qualidade, o que falta na opinião do Mateus é determinação: “É preciso tocar direito e correr atrás, se não tão te chamando pra tocar, junta com outras 4 ou 5 bandas e aluga um espaço, faz um show. As pessoas têm medo de investirem 100 reais e acabarem perdendo, mas tem que tentar. Só arriscando para fazer algo funcionar”.

(Luiza Gallagher)

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